Nome Científico Otis tarda

Estatuto de Conservação Vulnerável (Global) / Em Perigo (Portugal)

Tamanho Comprimento: Fêmea 75-85 cm | Macho 90-105 cm
Envergadura de asas: Fêmea 170-190 cm | Macho 210-260 cm
Peso: Fêmea 3,3-5,3 Kg | Macho 5,8-18 Kg

Alimentação Os adultos alimentam-se sobretudo de vegetais (folhas, flores, rebentos, caules e sementes), mas também de pequenos animais. As crias alimentam-se essencialmente de insetos.

Onde e quando observar A abetarda é uma espécie residente, ocorrendo em Portugal ao longo de todo ano. Pode ser observada no Alentejo interior, sobretudo em Castro Verde e concelhos vizinhos e no distrito de Portalegre, principalmente nos concelhos de Campo Maior, Elvas e Monforte.

Durante a época de reprodução, sobretudo em março e abril, os machos podem ser observados em parada nupcial.

Aves semelhantes Sisão

Considerada a mais pesada das aves europeias, a abetarda tem a cabeça cinzento-azulada, enquanto o pescoço grosso e comprido é mais esbranquiçado. Em voo, vê-se bem o contraste entre o seu dorso castanho-alaranjado com barras pretas e o ventre e a parte inferior das asas, que são brancos. Esta espécie tem ainda uma cauda facilmente reconhecível, sobretudo na Primavera quando os machos a erguem durante a parada nupcial. Nessa época do ano, os machos exibem ainda longos bigodes e uma gola arruivada.

 

As fêmeas são notoriamente mais pequenas, têm o pescoço mais fino e são mais claras. Os juvenis são semelhantes às fêmeas.

 

Situação em Portugal

A Península Ibérica alberga atualmente cerca de 70% da população mundial desta espécie*, no entanto a população portuguesa diminuiu mais de 50% desde 2009**!

 

Som

 

Habitat

A abetarda vive em campos abertos planos ou ligeiramente ondulados, em agricultura extensiva, onde encontra alimento e espaço adequado para as exibições nupciais. Necessita de um mosaico de habitats (searas, restolhos, pousios, campos de leguminosas, pastagens, montados dispersos ou olivais).

 

Reprodução

Os machos reúnem-se em áreas selecionadas que usam todos os anos para a parada nupcial. São chamadas áreas de lek e são visitadas pelas fêmeas, que aí escolhem o macho para acasalar.

 

A fêmea faz o ninho no solo, escondido na vegetação, em pousios ou searas pouco densas e é responsável por todos os cuidados parentais. As crias abandonam o ninho logo após o nascimento (nidífugas).

 

Ameaças

  • A intensificação da agricultura e perda de diversidade de habitats, através de monoculturas cerealíferas e diminuição das culturas de leguminosas, pousios e montado disperso, resulta na diminuição da disponibilidade alimentar.
  • A expansão de cultivos lenhosos/permanentes como pomares, amendoais, vinha e olival resultam em perda de habitat adequado à alimentação e reprodução da abetarda.
  • A ceifa e a lavoura de pousios efetuadas no período de nidificação da espécie são responsáveis pela destruição de ovos e crias.
  • O aumento da utilização de agro-químicos leva a um aumento de mortalidade e reduz a capacidade reprodutiva da espécie, além de diminuir as populações de invertebrados de que a abetarda se alimenta.
  • A intensificação do pastoreio afeta a composição e estrutura da vegetação e diminui a disponibilidade alimentar e o sucesso reprodutor da abetarda.
  • A construção de infraestruturas como estradas, albufeiras, linhas elétricas, parques fotovoltaicos ou vedações, resulta em perda e fragmentação de habitat adequado à alimentação e reprodução. Acresce ainda mortalidade por colisão com vedações e linhas elétricas.

 

Como protegemos esta espécie

LIFE Iberian Agrosteppes

 

Fontes:

*Alonso e Palacín 2022
**Carrapato & Alcazar, 2021