Considerada a mais pesada das aves europeias, a abetarda tem a cabeça cinzento-azulada, enquanto o pescoço grosso e comprido é mais esbranquiçado. Em voo, vê-se bem o contraste entre o seu dorso castanho-alaranjado com barras pretas e o ventre e a parte inferior das asas, que são brancos. Esta espécie tem ainda uma cauda facilmente reconhecível, sobretudo na Primavera quando os machos a erguem durante a parada nupcial. Nessa época do ano, os machos exibem ainda longos bigodes e uma gola arruivada.
As fêmeas são notoriamente mais pequenas, têm o pescoço mais fino e são mais claras. Os juvenis são semelhantes às fêmeas.
Situação em Portugal
A Península Ibérica alberga atualmente cerca de 70% da população mundial desta espécie*, no entanto a população portuguesa diminuiu mais de 50% desde 2009**!
Som
Habitat
A abetarda vive em campos abertos planos ou ligeiramente ondulados, em agricultura extensiva, onde encontra alimento e espaço adequado para as exibições nupciais. Necessita de um mosaico de habitats (searas, restolhos, pousios, campos de leguminosas, pastagens, montados dispersos ou olivais).
Reprodução
Os machos reúnem-se em áreas selecionadas que usam todos os anos para a parada nupcial. São chamadas áreas de lek e são visitadas pelas fêmeas, que aí escolhem o macho para acasalar.
A fêmea faz o ninho no solo, escondido na vegetação, em pousios ou searas pouco densas e é responsável por todos os cuidados parentais. As crias abandonam o ninho logo após o nascimento (nidífugas).
Ameaças
- A intensificação da agricultura e perda de diversidade de habitats, através de monoculturas cerealíferas e diminuição das culturas de leguminosas, pousios e montado disperso, resulta na diminuição da disponibilidade alimentar.
- A expansão de cultivos lenhosos/permanentes como pomares, amendoais, vinha e olival resultam em perda de habitat adequado à alimentação e reprodução da abetarda.
- A ceifa e a lavoura de pousios efetuadas no período de nidificação da espécie são responsáveis pela destruição de ovos e crias.
- O aumento da utilização de agro-químicos leva a um aumento de mortalidade e reduz a capacidade reprodutiva da espécie, além de diminuir as populações de invertebrados de que a abetarda se alimenta.
- A intensificação do pastoreio afeta a composição e estrutura da vegetação e diminui a disponibilidade alimentar e o sucesso reprodutor da abetarda.
- A construção de infraestruturas como estradas, albufeiras, linhas elétricas, parques fotovoltaicos ou vedações, resulta em perda e fragmentação de habitat adequado à alimentação e reprodução. Acresce ainda mortalidade por colisão com vedações e linhas elétricas.
Como protegemos esta espécie
Fontes:
*Alonso e Palacín 2022
**Carrapato & Alcazar, 2021