O LIFE Aegypius Return, projeto do qual somos parceiros, revelou que existem em Portugal 78 a 81 casais nidificantes de abutre-preto segundo os últimos dados recolhidos. O projeto iniciado há um ano com o objetivo de consolidar o regresso da espécie, de estatuto Criticamente em Perigo em Portugal, reúne várias entidades e parceiros a trabalhar de uma forma coordenada para a conservação do abutre-preto.
O abutre-preto é a maior ave de rapina do continente europeu. Com uma envergadura de quase três metros, esta ave necrófaga detém o estatuto de Criticamente em Perigo, em Portugal, após a sua extinção como espécie reprodutora no país, na década de 1970 e se ter voltado a estabelecer em território nacional em 2010, no Parque Natural do Tejo Internacional.
Em 2022 estimava-se existirem apenas cerca de 40 casais nidificantes em Portugal, mas em 2023 as equipas de monitorização confirmaram um total de 78 a 81 casais nidificantes de abutre-preto.
Consideramos que apesar dos resultados do primeiro ano de projeto trazerem alguma esperança para a recuperação desta espécie em Portugal, o êxito reprodutor é ainda relativamente baixo, uma vez que cada casal reprodutor põe apenas um ovo e a eclosão da cria não significa necessariamente que irá sobreviver e desenvolver-se até se tornar voadora, fase em que se considera que integra efetivamente a população.
Atualmente existem em Portugal quatro colónias embora, em rigor, sete ninhos se encontrem já do lado de lá da fronteira, em território espanhol, embora ecologicamente integrando as colónias portuguesas.
Das 50 crias nascidas este ano, apenas 35-37 foram recrutadas para a população mas o objetivo até 2027, é que pelo menos metade das posturas resultem num juvenil voador, recrutado para a população, assegurando a renovação e a continuidade do efetivo.
De acordo com os dados das nossas equipas de monitorização dos 3 casais residentes no Parque Natural do Douro Internacional, 2 crias foram recrutadas para a população; na Serra da Malcata dos 14 casais foram recrutadas 8 crias; no Tejo Internacional (onde reside a maior colónia de abutre-preto do país) dos 44-46 casais foram recrutadas 20-22 crias e na Herdade da Contenda dos 17-18 casais foram apenas recrutadas 5 crias.
O projeto inclui uma forte componente de redução de ameaças à espécie e os trabalhos realizados incluíram já a gestão florestal de mais de cinco hectares, com vista à prevenção de incêndios em áreas de ocorrência e nidificação da espécie. A manutenção de ninhos naturais ou artificiais é também uma das iniciativas que garante segurança para as aves. Este ano, mais de dez ninhos foram alvo de intervenções, alguns com resultados imediatos e utilizados por casais, estando planeadas para breve intervenções adicionais.
Com o sucesso reprodutor ainda relativamente baixo, todas as nossas equipas do projeto LIFE Aegypius Return estão empenhadas em favorecer o habitat e as condições de nidificação da espécie, com a continuação dos trabalhos de conservação para que a espécie possa passar do estatuto de conservação “Criticamente em Perigo” para “Em Perigo”, até 2027.
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