A SPEA está preocupada com o avanço de vários projetos de centrais solares e parques eólicos no nordeste algarvio, uma região de enorme importância para a conservação de aves de rapina ameaçadas como a águia-de-Bonelli, a águia-imperial-ibérica e o grifo.
Apesar da urgência da transição energética, muitos destes projetos estão a ser planeados sem uma avaliação ambiental adequada e em locais sensíveis para a fauna. A situação é especialmente grave porque alguns dos projetos preveem aerogeradores a apenas 1 km de ninhos ativos destas espécies, ignorando o risco de abandono dos territórios, colisões e outros impactos.
“A forma como estes projetos estão a ser conduzidos compromete décadas de trabalho na conservação de espécies emblemáticas e ameaça o futuro da biodiversidade algarvia”, alerta Rita Ferreira, Técnica Sénior da SPEA.
Estão em avaliação projetos como o Parque Eólico de Silves, os parques eólicos associados às centrais solares de Pereiro, Viçoso e São Marcos, e a hibridização da central de Alcoutim (Solara4), que juntos poderão instalar mais de 110 aerogeradores em cerca de 500 km². A SPEA alerta para a falta de uma abordagem territorial integrada e para as fragilidades dos Estudos de Impacte Ambiental, que subestimam os efeitos cumulativos e não analisam alternativas viáveis.
Alguns projetos apostam em sistemas automáticos de deteção de aves para justificar a sua localização, mas estas tecnologias são pouco testadas e não substituem o princípio fundamental de evitar impactes sempre que possível — conforme previsto na legislação europeia.
A SPEA apela à suspensão destes projetos em zonas de elevado valor ecológico, à revisão séria dos estudos ambientais e à garantia de que a transição energética não compromete os compromissos nacionais e europeus de conservação da natureza.
A SPEA emitiu um comunicado de imprensa no dia 29 de julho, que foi subscrito pelas organizações Fapas, Geota, Liga para a Proteção da Natureza, Quercus e WWF Portugal.
Para mais detalhes leia o nosso Comunicado de Imprensa.
