Como muitos de nós durante o confinamento de 2020, Cátia Gouveia, coordenadora da SPEA Madeira, sentiu profundamente a falta da Natureza. Mas longe de a deitar abaixo, esse vazio galvanizou-a para a ação, como nos conta na 1ª pessoa.
Imagine um mundo a preto e branco… em que não consegue sentir a maresia a acariciar-lhe a cara… não consegue ouvir as gotas da chuva a pingar nas folhas… não consegue sentir o solo húmido debaixo dos seus pés…
Um mundo sem árvores… sem flores… sem aves a cantar… nem sequer o simples zunido de uma abelha…
Em 2020, de repente o meu mundo parecia assim. Vazio.
Forçada a olhar o mundo da minha janela, restava-me fechar os olhos e recordar as montanhas deslumbrantes desta ilha onde, desde os meus tempos de miúda de trancinhas deambulava por quilómetros de trilhos na pristina floresta Laurissilva, sentindo a sorte de partilhar este lar com seres como o majestoso fura-bardos, o elegante pombo-da-madeira, e o irrequieto bis-bis… À janela, de olhos fechados, via com os olhos da memória o voo majestoso das águias… Sonhava ouvir a água a correr ao longo dos ribeiros com as lavandeiras a saltitar pelas rochas em busca de insetos distraídos…
Desta mesma janela, e mesmo enquanto o futuro parecia ainda nebuloso, jurei à Cátia das trancinhas que não iria ficar-me pelas recordações. Que faria tudo para impedir que este vazio expandisse, porque me recuso a imaginar um mundo sem Natureza. Esteja fechada em casa, a monitorizar ninhos ou a reunir com políticos, é isso que faço na SPEA. Porque a minha missão, a nossa missão, está mais viva do que nunca. Temos de contribuir para um mundo melhor: temos de proteger e preservar todas estas paisagens, todos estes habitats, todas as aves encantadoras que partilham o mundo connosco e que têm um papel crucial neste ecossistema.
2020 obrigou-nos a pôr a vida em espera, e desconfio que todos esboçámos resoluções que queremos… que temos de cumprir!
Pessoalmente, não quero ficar a ver o mundo da janela; quero estar presente, quero ser parte da solução. Junta-se a mim?
O seu IRS pode ajudar a Cátia a cumprir a promessa que fez ao seu “eu” mais novo: ao consignar à SPEA 0,5% do IRS que o Estado lhe retém, dá-nos capacidade para combater crimes e atentados ambientais, lutar por políticas verdadeiramente sustentáveis, e criar refúgios para aves ameaçadas.
Sobre a Cátia
Licenciada em Biologia pela Universidade dos Açores e Mestre em Ciência e Sistemas de Informação Geográfica pela Universidade NOVA de Lisboa, a Cátia sempre se interessou pela avifauna da Macaronésia. Certo dia, encontrou uma ficha de inscrição de sócio num livro perdido, e juntou-se ao bando da SPEA. Na altura, estava longe de imaginar que viria a ser voluntária, estagiária e, a 5 de maio de 2009, tornar-se técnica de conservação nesta organização. Ao longo do percurso, de jovem apaixonada pela natureza a coordenadora da SPEA Madeira, nunca perdeu a sede indomável de mudar o mundo, que hoje põe em prática gerindo vários projetos para proteger as aves deste arquipélago e motivando todos em seu redor para tomarem um papel ativo na defesa do ambiente.