Uma das ameaças às nossas águias é a perturbação da reprodução causada por atividades recreativas, que pode mesmo levá-las a abandonar o território. Por isso, no projeto LIFE LxAquila estamos a tentar minimizar essa ameaça. Foi nesse âmbito que realizámos, no final do ano passado, um conjunto de ações para promover uma maior colaboração entre as pessoas que nos vários departamentos municipais têm responsabilidades na gestão, promoção e regulamentação deste tipo de atividades.
Workshop sobre impactos das atividades recreativas na biodiversidade na AML
No dia 31 de outubro, organizámos o Workshop de Ordenamento Sustentável de Atividades Recreativas, que reuniu conservacionistas e representantes de dez municípios da Área Metropolitana de Lisboa (AML). O evento teve como principal objetivo sensibilizar e capacitar os departamentos municipais responsáveis pela gestão de atividades recreativas para os impactos dessas ações na biodiversidade, especialmente fora de áreas classificadas. Este workshop contou com a presença de 37 participantes dos municípios de Torres Vedras, Loures, Vila Franca de Xira, Mafra, Sintra, Alenquer, Cadaval, Almada, Oeiras e Cascais.
Além de fomentar o diálogo intermunicipal, a iniciativa promoveu a discussão de métodos e processos para uma gestão mais sustentável destas atividades.
Atividades avaliadas e impactos na biodiversidade
Entre as atividades abordadas no workshop estavam caminhada (recreativa, cultural e trekking), trails, BTT, desportos motorizados (jipe e motocross) e escalada. Adicionalmente, surgiram outras atividades durante os debates, como filmagens.
Os participantes trabalharam em três momentos distintos. No primeiro, analisaram quais os departamentos municipais que organizam ou emitem pareceres sobre atividades recreativas. No segundo, discutiram os impactos ambientais de cada atividade, organizando-se em grupos com base no seu conhecimento específico. Rita Ferreira, coordenadora do LIFE LxAquila, apresentou os principais impactos identificados, destacando os efeitos negativos sobre a biodiversidade local em geral e a águia-de-bonelli em particular. Na última etapa, os participantes procuraram soluções para minimizar os impactos das atividades recreativas e assegurar a compatibilidade com a conservação da natureza.
Entre as medidas propostas, destacaram-se a regulamentação, a sensibilização dos praticantes e a vigilância das áreas onde decorrem as atividades.
Reuniões Presenciais e Conclusões
O workshop abriu caminho para reuniões presenciais em cada município parceiro, com a participação de técnicos dos diversos departamentos municipais que devem estar envolvidos nas medidas de conservação (nomeadamente ambiente, desporto, turismo, planeamento, proteção civil, gabinete técnico florestal), com o intuito de identificar necessidades de atuação e definir medidas concretas de proteção. Estas reuniões permitiram ajustar as propostas às especificidades de cada município e debater formas de operacionalização no terreno.
Algumas das principais conclusões destas reuniões incluem:
- Partilha de conhecimento entre departamentos municipais para melhorar a gestão integrada
- Integração de medidas de conservação nos instrumentos de gestão territorial, como os Planos Diretores Municipais, e criação de regulamentos internos para o ordenamento das atividades recreativas
- Diálogo com os utilizadores do território, sensibilizando um número maior de pessoas para a importância da conservação da biodiversidade
Com estas ações, pretendemos fomentar um modelo de ordenamento sustentável das atividades recreativas, em que o diálogo entre os vários departamentos municipais e os conservacionistas resulte em ações integradas e estratégicas para compatibilizar estas atividades com a proteção dos valores naturais.