Desligar a luz de casa, patrulhar as ruas em busca de aves marinhas, estar atento aos juvenis de cagarra que caem vítimas da poluição luminosa… São muitas as formas de ajudar na Campanha Salve uma Ave Marinha, lançada mais uma vez pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).
A Campanha Salve uma Ave Marinha decorre entre os dias 15 de outubro e 15 de novembro, época em que os juvenis de cagarra saem dos ninhos. Nesta altura do ano, e por serem pouco experientes, estas aves são frequentemente atraídas pelas luzes, ficando encandeadas e acabando, muitas das vezes, por colidir com edifícios, linhas elétricas e veículos. Ao caírem, ficam incapacitadas de levantar voo, e por isso, mais suscetíveis a predadores.
Para minimizar esta situação, a SPEA desenvolve, desde 2009, campanhas de sensibilização com a população alertando sobre as boas práticas aquando de um encontro com uma destas aves, apelando também ao patrulhamento das zonas costeiras para uma resposta mais rápida a animais que possam estar em perigo.
Paralelamente, e em articulação com municípios e outras entidades locais, o projeto LIFE Natura@night, coordenado pela SPEA, está a definir medidas que visam reduzir a poluição luminosa e os seus impactes na biodiversidade, como a realização de apagões, reorientação e temporização de candeeiros e, em alguns casos, a criação de regulamentos municipais que limitem a emissão deste tipo de poluição, cada vez mais frequente.
“A conservação das aves marinhas passa por uma abordagem multidisciplinar – se por um lado necessitamos patrulhar a costa recolhendo as aves atraídas pelas luzes, temos também de trabalhar com os decisores políticos e com as comunidades na procura de soluções de iluminação que não prejudiquem a biodiversidade”, refere Cátia Gouveia, coordenadora da SPEA na Madeira.
Estima-se que, na Macaronésia, cerca de 1100 aves marinhas morram devido à poluição luminosa. Um número particularmente relevante considerando que as aves marinhas são referenciadas como um dos grupos animais mais ameaçado do mundo.
Para estudar a interação destas aves com a iluminação, a SPEA promoverá também brigadas de patrulhamento científicas entre os dias 23 de outubro e 5 de novembro. Estes patrulhamentos decorrerão na zona Este, desde Câmara de Lobos até Santana, municípios abrangidos pelo projeto LIFE Natura@night.
“Procuramos voluntários que se queiram juntar aos técnicos da SPEA na realização de percursos a pé em busca de aves que necessitem da nossa ajuda”, reforça Cátia Gouveia.
Para participar, basta informar a SPEA através do email madeira@spea.pt. Os voluntários, para além de ajudarem a salvar estas aves emblemáticas, poderão assistir às sessões de anilhagem e recolha de dados biométricos e receberão um diploma de participação nas brigadas.
Nos Açores e Canárias também serão feitos os mesmos esforços com o apoio de centenas de voluntários.
A SPEA, como organização não-governamental do ambiente, depende da ajuda de voluntários e de projetos cofinanciados, como o LIFE Natura@night e o Interreg EELabs, de forma a poder concretizar os objetivos desta campanha, tais como sensibilizar a comunidade para a problemática da poluição luminosa e seus impactes na biodiversidade.
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Cátia Gouveia
Coordenadora da SPEA Madeira
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