As Organizações Não Governamentais de Ambiente (ONGA), coligadas para impugnar judicialmente a validade da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) realizada sobre o projeto de aeroporto complementar do Montijo, consideram que não se deve perder mais tempo, e por isso apelam a que seja iniciado no mais breve prazo o processo de Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) ao plano aeroportuário para a região de Lisboa, sendo que as alternativas a comparar deverão resultar do próprio processo de elaboração da AAE (especificamente da sua fase de Definição de Âmbito), como é tecnicamente correto, e não serem definidas previamente.

 

Este procedimento, obrigatório por Lei, deve ser atribuído a uma entidade pública, independente e tecnicamente credível; ter o interesse público como pilar essencial do processo; e ser participado e transparente desde o seu início.

 

Esta avaliação permitirá aos decisores políticos tomarem uma decisão fundamentada, juridicamente segura, ambientalmente responsável e salvaguardando o interesse público em tempo útil que pode ir, no máximo, até 15 meses, de acordo com o seguinte calendário com as fases legalmente obrigatórias para as AAE:

 

Definição de Âmbito – 3 meses

Pressupõe, desde o início, a participação ativa das ONGA, dos municípios e restantes atores chave, que identifique os riscos ambientais, fixe os Fatores Críticos de Decisão (FCD) com base nos quais se fará a seleção das alternativas de localização e/ ou possíveis fases de construção consideradas razoáveis, além da justificação da exclusão das opções consideradas inviáveis.

 

Relatório Ambiental – 6-8 meses

Comparação aprofundada, rigorosa, atualizada e – tanto quanto possível – quantificada entre as alternativas de acordo com os FCD definidos na fase anterior, e produção do Relatório Ambiental.

 

Discussão Pública – 2 meses

 

Declaração Ambiental – 1-2 meses

Finalização do relatório/ Apresentação de conclusões.

 

 

Tal como recomendado pela Comissão Europeia, as ONGA devem ser incluídas desde o início na fase de Definição de Âmbito, na qual devem ser identificados os riscos ambientais presentes no plano ou projeto em análise. Assim, propomos desde já a consideração dos seguintes Fatores Críticos de Decisão (FCD)*:

  • Conservação da Natureza e Biodiversidade
  • Alterações climáticas (necessidades de mitigação e adaptação)
  • Segurança, eficiência e capacidade das operações de tráfego aéreo
  • Saúde pública (ar, ruído, água)
  • Sustentabilidade dos recursos naturais e riscos
  • Sistema de transportes terrestres e acessibilidades
  • Ordenamento do Território
  • Competitividade e desenvolvimento económico e social
  • Avaliação económico-financeira

 

Para além destes Fatores Críticos de Decisão, entendemos que devem ser considerados limites de exclusão, ou seja, limites a partir dos quais uma alternativa não deve ser considerada.

 

Na nossa perspetiva, a utilização da base aérea do Montijo como aeroporto complementar ou principal é inviável dos pontos de vista da segurança aeronáutica, ambiental, da proteção da biodiversidade e da saúde pública. Consideramos também que a manutenção, para além do estritamente necessário, e a expansão do aeroporto da Portela são inviáveis, tanto do ponto de vista ambiental como da segurança e proteção da saúde pública.

 

É sempre oportuno recordar que os esforços de mitigação das alterações climáticas têm que estar presentes em todos os planos, programas, projetos e políticas públicas e por isso é imperativo articular o plano aeroportuário para a região de Lisboa com o Plano Ferroviário Nacional, assim como melhorar a eficácia e a eficiência da componente portuguesa das redes ferroviárias transeuropeias.

 

As ONGA reiteram que o processo de Avaliação Ambiental Estratégica deve começar no mais breve espaço de tempo possível.

 

*Baseados no estudo do LNEC de 2010, propondo a coligação de ONGA que se acrescente à lista original, como FCD, as ‘Alterações Climáticas’ e se autonomize a ‘Saúde Pública’ que na proposta do LNEC estava incluída noutro fator.

 

Contactos

  • ALMARGEM, Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve – Anabela Santos, 961651518
  • ANP|WWF – Associação Natureza Portugal, em associação com a WWF, Catarina Grilo, 960 101 668
  • A ROCHA – Associação Cristã de Estudos e Defesa do Ambiente, Marcial Felgueiras, 965145696
  • FAPAS – Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade, Nuno Gomes Oliveira, 917 888 272
  • GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, João Dias Coelho, 933 262 986
  • LPN – Liga para a Proteção da Natureza, Inês Cardoso, 917 322 441
  • Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, Carlos Moura, 914238335
  • SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo Das Aves, Joaquim Teodósio, 912 737 243
  • ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, Francisco Ferreira, 969 078 564