De 3 a 7 de setembro, o artivista Bordalo II irá realizar a obra Cagarro na ilha do Corvo. Este projeto tem como objetivo sensibilizar para o impacte do lixo marinho sobre as aves marinhas e agradecer à população do Corvo e ao seu município a mitigação da poluição luminosa sobre a mais emblemática ave marinha dos Açores, o Cagarro.
Esta é uma iniciativa da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e da Câmara Municipal do Corvo, co-financiada pela Direção Regional de Turismo e com o apoio da EDA.
A obra, inserida na série Big Trash Animals do artivista, tem o intuito de sensibilizar a população local e visitantes para o problema do lixo marinho, em particular o seu impacte nas aves marinhas, sendo o Cagarro Calonectris borealis a sentinela para este problema. Um estudo realizado pela Universidade dos Açores, revelou que 93% dos juvenis desta espécie tinham presença de plástico no seu estômago. Sendo esta a ave marinha mais abundante do país e a mais emblemática da Macaronésia, pretende-se assim dar a conhecer uma das ameaças prioritárias para as aves marinhas e sensibilizar as pessoas para a necessidade de diminuir o consumo de plástico.
Este é também um dos pilares do trabalho do artivista Bordalo II, ao utilizar lixo, na maioria das vezes materiais que os “matam”, para criar estes animais de grande dimensão.
Esta ação insere-se no projeto OceanLit, no qual a SPEA nos Açores colabora com a Direção Regional das Pescas e a Direção Regional dos Assuntos do Mar na sensibilização das populações locais e utilizadores do mar, para uma economia circular, para a mitigação do lixo marinho através da mudança de atitudes, onde antes de consumir, o pressuposto deve ser escolher sempre com base em repensar, reduzir, recusar, reutilizar e por último reciclar.
A iniciativa visa ainda agradecer à população do Corvo e ao seu município a colaboração ativa na conservação das aves marinhas, em particular na mitigação da poluição luminosa, com apagões totais da iluminação pública durante a saída de juvenis de cagarro nos ninhos e substituição da iluminação pública por iluminação adequada que permita diminuir o número de cagarros desorientados pelas nossas luzes, podendo chegar ao mar sem problemas e aumentando assim a sua probabilidade de sobrevivência, nesta fase mais crítica. A avaliação da poluição luminosa, com a instalação do primeiro e único laboratório de poluição nos Açores, através do projeto EELabs, permite continuar a trabalhar lado a lado com os corvinos para a minimização desta ameaça.
Mais uma vez a população do Corvo e seu município são um exemplo para as restantes ilhas do arquipélago, onde ações similares têm vindo a acontecer em virtude da iniciativa dos corvinos, que desde o início têm sido parte integrante na conservação das aves marinhas e do seu habitat, tornando o Corvo um Santuário para as Aves Marinhas.
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Tânia Pipa, Técnica de Conservação da SPEA
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