Das savanas aos mangais, passando pelas lagoas e pelas florestas, na Guiné-Bissau encontra boa parte das paisagens da África Ocidental numa área pouco maior que o Alentejo.

 

Neste pequeno país encaixado entre a secura do Sahel e as florestas húmidas da Alta Guiné, ainda vivem leões, elefantes, hipopótamos, crocodilos, manatins,

tartarugas marinhas, tubarões raros, palancas-vermelhas, chimpanzés e muitos outros primatas. A diversidade de ecossistemas suporta também, é claro, uma panóplia de aves: quase 600 espécies, incluindo muitas que não ocorrem na Europa.

Miguel Lecoq
Miguel Lecoq
Miguel Lecoq

Na Guiné-Bissau pode observar espécies como o pato-orelhudo (Nettapus auritus), o noitibó-de-estandarte (Caprimulgus longipennis), o pés-de-barbatanas (Podica senegalensis), o grou-coroado (Balearica pavonina), a abetarda-real (Neotis denhami), a andua-gigante (Corythaeola cristata), a garça-gigante (Ardea goliath), o pássaro-martelo (Scopus umbretta), a jacana-pequena (Microparra capensis), a corredeira-de-temminck (Cursorius temminckii), a perdiz-do-mar-de-colar-branco (Glareola nuchalis), o garajau-real-africano (Thalasseus albididorsalis), o abutre-das-palmeiras (Gypohierax angolensis), a águia-rabota (Terathopius ecaudatus), a águia-cobreira-da-guiné (Circaetus beaudouini), o abutre-de-cabeça-branca (Trigonoceps occipitalis), a águia-de-penacho (Lophaetus occipitalis), o calau-da-abissínia (Bucorvus abyssinicus), o calau-de-casquete-amarelo (Ceratogymna elata), o rolieiro-de-garganta-azul (Eurystomus gularis), o rolieiro-de-bico-amarelo (Eurystomus glaucurus), a poupinha (Prionops plumatus), o barbaças-bidentado (Pogonornis bidentatus), o papa-moscas-pintado (Bias musicus), o picanço-da-guiné (Laniarius turatii), que ocorre apenas em mais três países da região, e o tecelinho-de-bico-azul (Spermophaga haematina), entre muitas outras.

 

Bissau e arredores

As zonas húmidas que cercam a cidade de Bissau acolhem uma diversidade excepcional de aves. Num raio de apenas 10 km em torno do centro da capital, podem observar-se 300 espécies, algumas delas raras e ameaçadas. A longa lista inclui o pato-de-faces-brancas (Dendrocygna viduata), a rola-dos-palmares (Spilopelia senegalensis), o grou-coroado, o tagaz (Gelochelidon nilotica), o mergulhão-serpente (Anhinga rufa), a garça-preta (Egretta ardesiaca), a garça-de-cabeça-negra (Butorides striata), a águia-cobreira-da-guiné, o abutre-de-cabeça-branca, o mochinho-pintado (Glaucidium perlatum), o pica-peixinho-de-poupa (Corythornis cristatus), o guarda-rios-malhado (Ceryle rudis), o picanço-bárbaro (Laniarius barbarus), o beija-flor-de-raquetes (Hedydipna platura), o tecelão-de-bico-branco (Bubalornis albirostris), o bico-carmim (Quelea quelea) e a freirinha-de-ansorge (Ortygospiza atricollis).

 

Rio Corubal e Bijagós

No rio Corubal, a zona do Saltinho, com o seu notável conjunto de rápidos, conserva ainda algumas das paisagens mais espetaculares da África Ocidental. Nas florestas de galeria nas margens do rio, aos primeiros raios de sol da manhã pode vislumbrar o pés-de-barbatanas, a garça-noturna-de-dorso-branco (Gorsachius leuconotus), o pica-peixe-azul (Alcedo quadribrachys) e o papa-figos-de-asa-preta (Oriolus nigripennis).

 

Rápidos do Saltinho, rio Corubal, Guiné-Bissau

 

Ao largo da foz do Geba (cujo caudal é maioritariamente composto pelas águas do Corubal) encontra-se o arquipélago dos Bijagós, uma das jóias da região. Perto de um milhão de aves aquáticas invernantes reúnem-se aqui e na costa durante a estação seca (que coincide com o Inverno europeu).

 

Parque Nacional de Cantanhez

Um local a não perder é o Parque Nacional de Cantanhez. Aqui encontram-se as últimas florestas sub-húmidas do país, que, para muitas espécies de aves características das florestas da Alta Guiné, são o limite norte da distribuição. Mas a principal atração do parque não são as aves: aqui vive um dos principais núcleos de chimpanzés da subespécie da África Ocidental (Pan troglodytes verus).

 

Reserva Natural das Lagoas de Cufada

Outra zona húmida a visitar é a Reserva Natural das Lagoas de Cufada. Classificadas como sítio Ramsar pela sua importância ecológica, as lagoas são conhecidas pela sua avifauna aquática. De entre as muitas espécies que dela dependem, destacam-se o pato-orelhudo, a jacana-pequena, o pelicano-branco (Pelecanus onocrotalus), o pigargo-africano (Haliaeetus vocifer) e o camão-pequeno (Porphyrio alleni). Com sorte, aqui poderá observar também uma das aves mais raras e ameaçadas da região, o jabiru (Ephippiorhynchus senegalensis).

 

Uma visita à Guiné-Bissau promete uma lista tão impressionante quanto variada: de aves, de outros animais, de paisagens e de experiências extraordinárias.

 

Este texto foi publicado originalmente na nossa revista Pardela Primavera/Verão 2023, e adaptado do itinerário da visita SPEA à Guiné-Bissau 2024, de Miguel Lecoq.

 

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Visita SPEA à Guiné-Bissau 2024