Foi com muita surpresa e consternação que nos deparamos com a intervenção liderada pelo Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) no sítio das Ginjas (na Floresta Laurissilva, ilha da Madeira), com o argumento da urgência em “limpar a área de espécies invasoras e do perigo de incêndio”.⁠

Uma das áreas alvo do projeto LIFE Fura-bardos, reflorestada com plantas nativas da Floresta Laurissilva e ainda em recuperação, foi agora devastada sem qualquer explicação racional. A entidade que foi parceira neste projeto cofinanciado por fundos europeus, é também a responsável pela gestão dos sítios da Rede Natura 2000, contudo a sua atuação contraria esta sua missão. ⁠

Recordamos que várias ONGs de ambiente se uniram e colocaram uma ação no Tribunal Administrativo do Funchal para impugnar a Declaração de Impacte Ambiental favorável à construção de uma estrada nas Ginjas. Uma construção que hipotecava o futuro da Floresta Laurissilva, Património Mundial Natural da UNESCO.⁠

A SPEA pediu com urgência a documentação relativa ao plano de intervenção para este local, mas ainda não obteve resposta.⁠

Encontramo-nos a trabalhar juntamente com a AAPEF, ANP/WWF, GEOTA, FAPAS, LPN, QUERCUS, SPECO e ZERO⁠

 

 

Mais informação

 

Entre 2013 e 2017, a SPEA coordenou o projeto LIFE Fura-bardos – Conservação do Fura-bardos e habitat de Laurissilva, na ilha da Madeira (LIFE12NAT/PT/000402), com o objetivo de conservar o fura-bardos, através da recuperação e proteção do seu habitat natural – a floresta Laurissilva da Madeira, cuja excecional biodiversidade tem um valor biológico inestimável. A recuperação deste habitat, juntamente com o aumento do conhecimento sobre a distribuição, ecologia e tendência populacional do fura-bardos na ilha da Madeira e em 5 ilhas das Canárias, permitiu definir medidas de conservação adequadas para esta subespécie incluída no Anexo I da Diretiva Aves da União Europeia.

 

O sítio das Ginjas foi uma das três áreas alvo do projeto e que se encontra, neste momento, a recuperar das intervenções, sendo, obviamente, necessário dar continuidade ao controlo de invasoras, como previsto no Plano de Ação do Fura-bardos – Action Plan for the Macaronesian Sparrowhawk Accipiter nisus granti in the European Union (2017-2022) e como assumido no Plano Pós-LIFE (relatório final do Projeto LIFE “Conservação do Fura-bardos e habitat de Laurissilva, na ilha da Madeira” disponível online) firmado entre todos os parceiros do projeto, nos quais se incluem a Secretaria Regional com a tutela do Ambiente. Em respeito ao trabalho e investimento feito, ao longo do projeto, no âmbito do consórcio, e devidamente validado pela Comissão Científica, ficaram definidas as metodologias e boas práticas a implementar nestes locais e neste tipo de atuação.

 

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