Já há algum tempo que os cientistas têm vindo a procurar ligações entre as alterações climáticas e o comportamento migratório não só das andorinhas como de outras aves. No entanto, para o determinar de forma fidedigna, são necessários estudos de longo-prazo (leia-se décadas) com metodologias de recolha de dados consistentes e livres de enviesamentos, e também uma visão holística dos movimentos migratórios e dos fatores que os condicionam.

 

Posto isto, para alguns migradores de longa-distância têm-se verificado mudanças significativas nos tempos de chegada aos locais de nidificação, frequentemente associadas aos impactos das alterações climáticas nesses locais (por exemplo temperaturas mais altas, alterações temporais na abundância de insetos e flores). Ao mesmo tempo, também se tem percebido que há outros fatores que influenciam muitíssimo os timings da migração, nomeadamente as condições climatéricas (como os níveis de precipitação) e de abundância de alimento nas áreas de invernada. Estes fatores, que podem ser também consequência das alterações climáticas, são determinantes nas datas de partida das aves, explicando que as datas de chegada das andorinhas a Portugal possam variar muito de ano para ano, independentemente de qualquer tendência de longo-prazo a nível da população. Por exemplo, os dados do PortugalAves/eBird mostram que em 2016 as andorinhas chegaram mais cedo (logo em janeiro), ao passo que em 2018 chegaram mais tarde do que o habitual (já em março).

 

Em geral, os dados do Censo de Aves Comuns indicam que, entre 2004 e 2024, as populações de andorinha-dos-beirais têm estado estáveis em Portugal, apesar de os dados a nível europeu indicarem um declínio moderado entre 1980 e 2023. A andorinha-dáurica apresenta-se estável na Europa e em Portugal. Já a andorinha-das-chaminés está em declínio moderado tanto a nível europeu como em Portugal, onde a população diminuiu 45% entre 2004 e 2024.