Após a deteção de vários casos de mortalidade de aves por eletrocussão em Castelo Branco, os parceiros do projeto LIFE PowerLines4Birds atuaram rapidamente para corrigir linhas elétricas e reduzir o risco para a avifauna.
Durante ações de monitorização realizadas em fevereiro pelo parceiro Quercus, foram identificados 26 casos de mortalidade por eletrocussão, incluindo dois abutres-pretos (Aegypius monachus). Uma das linhas monitorizadas destacou-se pelo elevado número de incidentes: em apenas 25 km de extensão, registaram-se 17 aves mortas, entre as quais 13 grifos (Gyps fulvus) e duas águias-cobreira (Circaetus gallicus).
Intervenção imediata
Perante a gravidade da situação, os parceiros do projeto – entre os quais a E-REDES e a Quercus – articularam-se para garantir uma resposta célere. No início de julho, arrancaram os trabalhos de instalação de dispositivos anti-eletrocussão, que isolam os cabos junto aos apoios, reduzindo o risco para as aves. A Quercus acompanhou a instalação no terreno e continuará a monitorizar a eficácia destas medidas.
Eletrocussão e colisão: a dupla ameaça das linhas elétricas
A eletrocussão ocorre quando as aves usam os apoios das linhas como pouso e entram em contacto com condutores elétricos. Este risco é particularmente elevado para aves jovens e para espécies de grande porte, como o abutre-preto. Desde 2010, já foram registados nove casos de abutres-pretos mortos por eletrocussão em Portugal, aos quais se somam outros casos de colisão com cabos elétricos.
Para além da eletrocussão, as colisões com cabos aéreos representam outra ameaça séria, sobretudo devido à dificuldade das aves em visualizar os condutores durante o voo. A mitigação destes riscos passa pela instalação de dispositivos de isolamento e de sinalização, como espirais, fireflies e marcadores luminosos.
Colaboração entre projetos LIFE
A cooperação entre entidades e projetos é fundamental para a conservação. O LIFE Aegypius Return, centrado na recuperação do abutre-preto em Portugal e Espanha, não intervém diretamente sobre linhas elétricas, mas através da monitorização em campo e do seguimento de aves com emissores GPS/GSM fornece dados cruciais que permitem identificar riscos e atuar em articulação com projetos como o LIFE PowerLines4Birds e o LIFE SafeLines4Birds.
Enquanto parceiros destes três projetos, na SPEA congratulamo-nos com a rápida atuação que permitiu corrigir as linhas perigosas no Tejo Internacional, reduzindo o risco para aves ameaçadas e reforçando os esforços de conservação da biodiversidade em Portugal.
