Quando se passa anos a observar aves em determinada região, vão-se descobrindo sítios “secretos”: locais que poucos conhecem, ou que surpreendem pelas oportunidades de observação que proporcionam. Domingos Leitão, Diretor Executivo da SPEA, e um dos autores do guia Onde observar aves na região de Lisboa, partilha três dos seus sítios secretos em redor da capital.

 

 

Canhão da Ota

 

Este desfiladeiro apertado e rochoso resulta do encaixe do curso do rio Ota no maciço calcário que deu origem à serra com o mesmo nome. Classificado como Monumento Natural de interesse regional, este é um local bastante favorável para aves de rapina diurnas e noturnas, e para aves florestais e rupícolas (associadas a escarpas rochosas). Uma visita a meio da manhã (quando se começam a formar correntes térmicas ascendentes), fazendo o trajeto com início na aldeia da Ota e parando nos promontórios sobre o desfiladeiro, permitirá a observação de espécies como a águia-cobreira (Circaetus gallicus), a águia-calçada, o gavião (Accipiter nisus), o milhafre-preto (Milvus migrans), a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo) ou o peneireiro (Falco tinnunculus). Com um pouco de sorte, poderá avistar o discreto açor (Accipiter gentilis) ou o corvo (Corvus corax), que é um predador e necrófago raro na região.

 

Uma visita noturna constituirá uma boa oportunidade para escutar os impressionantes chamamentos do bufo-real (Bubo bubo) e da coruja-do-mato (Strix aluco) e, eventualmente, de outras aves noturnas como o noitibó-cinzento (Caprimulgus europaeus).

 

Mas nem só de aves de rapina vive o canhão da Ota. Durante a primavera o céu está sempre cheio de bandos de abelharucos, andorinhões-pálidos (Apus pallidus), andorinhões-pretos (Apus apus), andorinhas-dos-beirais (Delichon urbicum), andorinhas-dáuricas (Cecropis daurica), andorinhas-das-chaminés (Hirundo rustica) e andorinhas-das-rochas (Ptyonoprogne rupestris). Também a diversidade de aves florestais é enorme, particularmente na vertente sul do canhão, onde o coberto arbóreo é mais diverso. O percurso pedestre que parte do parque de merendas e segue pela floresta permite observar o pombo-torcaz (Columba palumbus), a rola-brava (Streptopelia turtur), o peto-real (Picus viridis), o pica-pau-malhado (Dendrocopos major), o chapim-carvoeiro (Periparus ater), o chapim-de-poupa (Lophophanes cristatus), a felosinha-ibérica (Phylloscopus ibericus), o chapim-rabilongo (Aegithalos caudatus), a toutinegra-do-mato (Curruca undata), a trepadeira-do-sul (Certhia brachydactyla), a trepadeira-azul (Sitta europaea), a estrelinha-real (Regulus ignicapilla), o tentilhão-comum (Fringilla coelebs) ou a escrevedeira-de-garganta-preta (Emberiza cirlus).

 

Preste ainda atenção às zonas rochosas naturais e às pedreiras, onde podem ser observados o rabirruivo-comum (Phoenicurus ochruros) e o belíssimo melro-azul (Monticola solitarius).

 

 

No seu próximo passeio na zona de Lisboa, aproveite para explorar este sítio secreto. Garantimos que não se irá arrepender.

 

Este é o 2º de uma série de 3 artigos sobre 3 sítios secretos para ver aves na região de Lisboa.

 

Leia a parte 1: Passeio Marítimo de Alcochete

Leia a parte 3: Paúl de Manique

 

Artigo adaptado do Guia Onde Observar Aves na Região de Lisboa

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