Os trabalhos de conservação da Natureza no Ilhéu Raso, em Cabo Verde, estão suspensos desde a semana passada, por não ser possível garantir a segurança das equipas no terreno. Estamos solidários com os nossos parceiros da associação caboverdiana Biosfera, que se viram forçados a tomar esta decisão difícil na sequência de ameaças aos colaboradores. É imperativo garantir a segurança das pessoas que zelam pelo património natural do Ilhéu Raso, e colmatar o vazio legal que permitiu que se chegasse a este ponto.

 

A lei diz que o ilhéu é uma Reserva Integral, inserida na Rede Nacional das Áreas Protegidas de Cabo Verde, mas quanto às atividades permitidas e proibidas remete para um Plano de Gestão que não existe. Apesar de a área que inclui o Ilhéu Raso ser supostamente uma área protegida há mais de 30 anos (a Reserva Marinha de Santa Luzia, Ihéus Branco e Raso, criada em 1990), na prática essa proteção nunca passou do papel. Desde 2010 temos trabalhado repetidamente com a Biosfera e com as autoridades cabo-verdianas para criar e implementar o referido plano de gestão, mas passada mais de uma década a inação do governo cabo-verdiano mantém-se, e o plano continua por publicar. Como consequência, não só aos valores ecológicos e os recursos marinhos mas também os nossos colegas estão em risco, pois sem regras claras torna-se difícil às autoridades atuar.

 

Até que haja garantias de segurança, os trabalhos de monitorização e estudo das aves marinhas, investigação de micro-plásticos, desenvolvimento de práticas de pesca sustentável e mais, incluindo vários projetos dos quais a SPEA é parceira, irão ficar parados. Disponibilizamo-nos  a auxiliar as autoridades a encontrar uma solução que permita que sejam retomados, e até que tal seja possível mantemo-nos solidários com a Biosfera e os colegas neste momento penoso.

 

Mais sobre os nossos projetos em Cabo Verde

Proteção das aves marinhas de Cabo Verde

Conservação e recuperação da ilha de Santa Luzia