No Dia da Sobrecarga do Planeta, juntamo-nos a mais de 300 organizações da sociedade civil para pedir aos líderes da UE que enfrentem as crises da natureza, do clima e da poluição após as próximas eleições europeias

 

Hoje é o Dia da Sobrecarga do Planeta para a União Europeia (UE). Isto significa que, se as populações mundiais seguissem os padrões de consumo da UE, a humanidade esgotaria hoje os recursos naturais do planeta disponíveis para este ano. Para marcar a ocasião, mais de 300 organizações da sociedade civil — incluindo as organizações portuguesas Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), ANP|WWF e ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável — apelam hoje, numa carta aberta aos chefes de Estado e de Governo, aos Presidentes da Comissão, do Conselho e do Parlamento da UE, bem como aos deputados do Parlamento da UE, para que assumam o compromisso político de trabalhar no sentido de uma economia com impacto neutro no clima, com poluição zero e positiva para a natureza.

 

Esta iniciativa surge na sequência do recuo sem precedentes e preocupante dos políticos nos últimos meses, uma vez que as políticas ecológicas estão a ser instrumentalizadas para ganhos eleitorais a curto prazo e para o populismo.

 

Especificamente, a sociedade civil apela aos decisores políticos para:

  • Aprofundarem e acelerarem o Pacto Ecológico Europeu, implementando plenamente os objetivos recentemente acordados e colmatando as lacunas de ambição em matéria de natureza, clima e poluição
  • Aumentarem radicalmente os investimentos públicos em clima, ambiente e justiça social
  • Reforçarem a governação da UE, a democracia e a participação efetiva da sociedade civil

 

As nossas sociedades e economias estão dependentes do que a natureza nos fornece: alimentos, água, fibras, madeira, absorção de carbono e terrenos para construir infra-estruturas. E embora a UE represente apenas 7% da população mundial, precisaríamos de 3 planetas para satisfazer a nossa procura se toda a gente na Terra vivesse como os europeus. Isto não é apenas insustentável, é irresponsável.

As consequências da nossa ultrapassagem ecológica incluem a desflorestação global, a perda de biodiversidade, o colapso dos stocks de peixes, a escassez e a poluição da água, a erosão dos solos, a poluição atmosférica e as alterações climáticas, que conduzem a fenómenos meteorológicos extremos mais frequentes, como secas, inundações e incêndios florestais. Isto diz-nos respeito a todos, uma vez que a Europa está a caminhar para sofrer aumentos de temperatura duas vezes superiores aos de outros continentes devido às alterações climáticas. E os riscos ligados à exploração dos recursos, como a violência, a pobreza e a má governação, põem em risco a paz e a segurança mundiais.

 

Com as próximas eleições europeias, os decisores têm a grande oportunidade e a responsabilidade de inverter a maré. Só se a UE fizer da tripla crise planetária das alterações climáticas, da perda de biodiversidade e da poluição uma prioridade política de topo é que poderá fazer valer o seu peso e garantir a sobrevivência do nosso planeta.

 

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